segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Não nascemos prontos...

Dizemos que as crianças e jovens de hoje não sabem se divertir ou se relacionarem. A maioria, não sabe mesmo, pois segundo o professor e filósofo contemporâneo Sergio Cortella "não nascemos prontos". Tudo que sabemos hoje fui fruto de aprendizado, observação, experiências, trocas... O que estamos ensinando? Como estamos fazendo isso?

Ensinamos os jovens a confundirem desejos com direitos. E nessa mesma onda confundimos satisfação desses desejos com amor e reconhecimento... "Eu só te amo, se você comprar esse tablet pra mim"...

Cortella em uma palestra, que segue o link abaixo, nos conta de um momento que estamos vivendo: "Despamonhalização da vida". Antigamente, principalmente na nossa cultura mineira fazer pamonha significava: conviver. Era um processo que acontecia nas fazendas e pequenas cidades,onde se reunia toda a família. Os homens iam buscar o milho nas plantações, retiravam a palha, as crianças tiravam os 'pelinhos', as mulheres ralavam, cozinhavam... No final da tarde, todos comiam.

Todo esse processo ajudava as crianças a entenderem que muitas coisas na vida levam um processo para ficarem prontas. Sérgio chama essa nova geração de 'Geração Miojo', que acredita que a comida fica pronta em 3 minutos ou mais fácil ainda, comida se compra.
Se hoje estamos achando as crianças sem valores, consumistas, sem limites... a responsabilidade é NOSSA. As crianças não nascem prontas. Precisamos ensinar as crianças a se relacionarem. Diante disso pergunto: Como vamos fazer isso se nós não sabemos nos relacionar?

Precisamos ficar atentos ao uso que fazemos da tecnologia. Não há nada de errado em aparelhos tecnológicos, eles facilitam nossa vida, torna as coisas mais práticas. O problema é quando ficamos reféns desses recursos. 
Se você têm mais de 20 anos deve se lembrar das maquinas fotográficas de filme, em que tínhamos que esperar todas as poses do filmes serem batidas para depois ir na loja e revelar, não batíamos qualquer tipo de foto, por exemplo foto do nosso almoço, selecionávamos os momentos que íamos bater a fotos. Isso tudo era um processo que requeria tempo. 
O uso desenfreado de tecnologia contribuí para a falta de paciência, para a falta de espera. Os valores que as crianças aprendem são os valores que ensinamos. Se não ensinarmos o processo das coisas, a desenvolverem paciência, a saberem esperar, elas nunca aprenderão. Pois, não nascemos prontos.

Texto inspirado na palestra de Sérgio Cortella, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=89BMhivvRFE 



terça-feira, 18 de novembro de 2014

Pra que ir no psicólogo?

Muitos já ouviram falar do profissional psicólogo, porém realmente não sabem o que ele faz. Há muitas fantasias sobre a postura, como atuam, como falam (e se falam), do divã, entre outras.... É muito mais pré-conceito do que conhecimento. Nesse sentido resolvi de maneira muito simples esboçar sobre a atuação desse profissional.

1) Lugares de atuação:

O psicólogo pode atuar em inúmeros lugares. Onde há seres humanos se relacionando pode ter um psicólogo trabalhando. Alguns exemplos mais comuns são os consultórios, empresas, escolas, hospitais, instituições públicas, ONGs, centros esportivos, universidades...
Pensamos que o psicólogo trabalha somente com o indivíduo sozinho em uma sala, mas pensando nesses lugares de atuação aí acima o principal foco será as relações humanas, os trabalhos em grupo, a interação de papéis que cada um irá exercer no seu meio de trabalho.

2) Psicólogo é coisa de doido?

A maioria das pessoas quando pensa em um psicólogo trabalhando, lembram das imagens de filmes, em que o psicólogo aparece mudo em toda sessão e o cliente em um monólogo desabafa tudo que sente e chega a conclusão de que não precisa do psicólogo porque ele por si só resolveu seu problema e percebe que o psicólogo é mais doido que ele.... Puro ESTERIÓTIPO.... E como todo esteriótipo, cheio de preconceito e falta de conhecimento.
O psicólogo ajuda a compreender as nossas dificuldades e nossos problemas que são inúmeros e que perpassam todas as fases da vida: crianças, adolescentes, adultos e idosos.

3) Qual a diferença do psicólogo com um amigo?

As diferenças do psicólogo com o amigos são inúmeras... Algumas delas são: o psicólogo é um profissional que passou no mínimo cinco anos estudando em uma faculdade. Assim, esse profissional diferentemente do seu amigo possui conhecimento, leu muito, fez cursos, frequenta congressos, se atualiza... Falando de um psicólogo clínico, as sessões duram em média cinquenta minutos a uma hora, que são exclusivamente do cliente, que poderá falar o que quiser, pois é um tempo só dele, diferente de uma relação com um amigo em que há troca, cada um pode falar sobre seus problemas, opinar com seus juízos de valores, criticar...
Outra diferença é que o psicólogo possui a visão de PLANO DE TRATAMENTO do seu cliente, há uma meta, um objetivo na terapia. O cliente chega com uma questão que o psicólogo ajuda a destrinchá-la. A conversa do psicólogo é uma conversa técnica, embasada em uma teoria, sem juízo de valor ou critica. Esse plano de tratamento é decorrente de um processo e não uma busca de resolução rápida. Já em uma relação com um amigo as conversas geralmente são pontuais, não há uma visão geral da história dessa pessoa, costuma olhar somente para o problema específico. 

3) Falar é terapêutico:

Falar de seus sentimentos, poder compartilhar sua dor com o outro que se mostra sensível a seu sofrimento é terapêutico. Até o silêncio faz parte desse processo, em muitos momentos na terapia precisamos SILENCIAR PARA OUVIR A DOR. Finalizo esse texto com essa citação:

"Ninguém cura ninguém,
 nós curamos no encontro com o outro. 
Ninguém se cura sozinho" Roberto Crema

Espero que esse texto percorra inúmeros caminhos, e que sensibilize muitas pessoas sobre a importância do psicólogo nas relações humanas.



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Tarja Branca

Saído do forno o documentário "Tarja Branca"(2014) do diretor Cacau Rhoden, retrata a partir de depoimentos de adultos a pluralidade do brincar, a importância da brincadeira durante todas as fases da vida, fazendo o resgate da criança em cada um de nós.

"A criança não vive para brincar, Brincar é viver"

Brincar é uma linguagem espontânea, uma criação humana que se diferencia em diversas culturas. Como dito no documentário "cada brinquedo é um gesto de expansão da consciência" E nós adultos esquecemos, ou não sabemos que o brincar faz parte de toda vida, não só da infância. O brincar pode estar presente no nosso dia-a-dia, só depende de nós nos permitir viver. A brincadeira está na dança, no canto, na literatura, na fantasia...

"A alegria não está na moda"

Em uma conversa com seus familiares, amigos você já reparou que falamos muito sobre depressão, ansiedade, tristeza, violência e falamos pouco sobre alegria, em espontaneidade, brincadeiras, prazer. Levamos a "vida a serio" e essa seriedade nos mata. Brincadeira é coisa séria, porque envolve gente, envolve o outro, mesmo quando estamos brincando sozinho, porque aí estamos brincando com a pessoa mais importante nós mesmos.

"O remédio não vai entrar pela boca e sim pela orelha...É a palavra"

Documentário disponível no site: NETFLIX- www.netflix.com.br 

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O puerpério não dura 40 dias

Começo o texto de hoje com a frase da terapeuta familiar e escritora Laura Gutman "o puerpério não dura quarenta dias". Para quem nunca ouvir falar nessa palavra estranha, vou explicar o que significa e tenho certeza que já escutou sobre esse tão famoso momento de uma nova mãe. 
O puerpério é o nome dado a fase logo após o pós-parto, quando termina o deslocamento da placenta, logo após o nascimento do bebê. É um período de espera, em que o corpo está se adaptando e voltando à "normalidade". E nesse período recomenda-se não ter relações sexuais. O que para muitos maridos é uma tortura.
Segundo Laura, as mulheres puerperais não estão em condições físicas  ou emocionais de manter relações sexuais com penetração. É um momento com muitas mudanças e inúmeras questões que emergem e muitas se sentem culpadas quando o obstetra as "liberam" para retornar as relações sexuais e o corpo e a mente não respondem. 
O esgotamento é total. A energia para cuidar de um novo ser é tão nova e tão desgastante para essa mãe. A sensibilidade e a feminilidade precisam ser mais desenvolvidas nesse momento tanto para as mulheres e tanto para os homens. Sexualidade vai além da penetração vaginal. Sexualidade é caricia, abraços, toque, olhar, beijos, palavras. 
As mulheres só se sentem culpadas de não terem vontade de ter relação sexual quando não há um marido sensível ao seu lado. Mulheres desejam beijos apaixonados, abraços prolongados, massagens nas costas, conversas, sorrisos, calor e disponibilidade masculina. 
A criança sempre está com a mãe, mesmo estando no seu berço dormindo, a mãe e esse bebê estão ligados emocionalmente. Por isso é indispensável que a relação com o parceiro seja suave, delicada e lenta. O puerpério pode durar um mês, seis meses, ou dois anos, isso depende de cada mulher e de cada relação. E para que tenhamos uma relação com o outro precisamos primeiro, nos olhar.



segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O poder da relação professor-aluno


Toda pessoa e principalmente, toda criança precisa ser acreditada. E para que isso ocorra precisamos elevar sua auto-estima. Temos que valorizar a pessoa, independente de suas notas, atitudes e comportamentos.  Precisamos olhar com mais carinhos e amor pras relações professor-aluno. 
Estamos na era do saber, focamos muito no aprendizado tecnológico, na preparação pro vestibular e isso muitas vezes quando as crianças estão com 5- 8 anos. Crianças precisam sentir, o verdadeiro aprendizado na infância está nas sensações e emoções. Como diz o espanhol Jorge Larrosa, muitas coisas nos passam, muitas coisas nos acontecem o dia todo, mas poucas coisas nos tocam, poucas coisas nos permitimos sentir, chorar e sofrer.
Rita Pierson, do vídeo acima, acredita do poder dessa relação, e principalmente, acredita no ser humano. Nenhum aprendizado significativo acontece sem o vínculo afetivo. Que esse vídeo seja de incentivo pra tantos educadores e professores.

Os primeiros sete anos- Força Vital


"O primeiro setênio – período que vai de 0 a 7 anos de idade – é fundamental, pois é quando as forças vitais estão trabalhando profundamente no corpo infantil, que multiplica em muitas vezes seu tamanho inicial, desde o nascimento. Assim, a primeira dica é adotar o aleitamento materno.
O leite materno, além de ser o mais específico e equilibrado, contém as forças etéricas protetoras da mãe e reforça o vínculo de afeto tão essencial nessa fase. Em torno dos sete anos as forças vitais se metamorfoseiam em forças do pensar e a criança fica pronta para um aprendizado lógico. Devemos evitar que essas forças sejam desviadas de seu trabalho sobre o corpo nos primeiros anos de vida, por exemplo, antecipando a intelectualização das crianças.
Uma alfabetização precoce ou dirigida erroneamente desvia as forças etéricas do corpo para o “pensar”. Como conseqüência, futuramente podemos ter adultos desvitalizados e que adoecem facilmente.
Durante o primeiro setênio é importante sentir que o mundo é bom: calor, nutrição, favorecer o desenvolvimento neuro-psicomotor através de brinquedos pedagógicos, de histórias, muitas brincadeiras- também ao ar livre – e fantasias.
Assim, tudo que pudermos fazer para proteger e fortalecer essas forças vitais durante o começo da vida significará um trabalho preventivo para a saúde até o último setênio."
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Fonte: ABMA – Associação Brasileira de Medicina Antroposófica - See more at: http://www.antroposofy.com.br/wordpress/o-primeiro-setenio-formacao-do-corpo-s/#sthash.dSlf59Yb.dpuf
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Divulgando o trabalho



Atendimento em grupo ou individual- criança, adolescente e adulto. Atendimento especializado à gestante e família. Durante o período gestacional, parto e pós-parto.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

As dores do Parto

O medo de muitas mulheres ao pensarem em parto normal é da dor do parto. O que muitos não sabem é que o parto não é somente um evento fisiológico, contração-dilatação-expulsão-nascimento. A dor permite que mulher moderna, racional desligue-se e se permita conectar com seu EU interior. Se permita perder o controle e se desconectar do mundo consciente. Parir é uma ruptura emocional e espiritual e por isso dói, doí muito. A despedida daquela mulher que nunca será como antes. A dor do nascimento: Nasce uma nova mulher, uma nova esposa e nasce uma mãe.
A dor do parto é suportável. Como diz Laura Gutman "não é possível suportar o sofrimento", mulheres sofrem por estarem sozinhas, por serem desrespeitadas, humilhadas, mutiladas e ameaçadas.
Cada parto é diferente e único. Por mais que a equipe médica tenha participado de inúmeros partos e procedimentos, aquela mulher e aquele bebê nunca passaram por isso. O parto não é do médico ou da equipe, o parto é da mulher.
Por isso a grande importância de ter alguém acompanhando essa parturiente, que seja um profissional, uma doula, o marido, uma mãe ou uma amiga. Mas que seja alguém conectado a essa mulher, que esteja ali disponível para ela, que a ampare, a acolha. Segundo Bateson "é a diferença que faz diferença". Que haja mais pessoas disponíveis em fazer a diferença nesse momento tão significativo. O medo só diminui quando não estamos sozinhos. E não podemos esquecer que há vários tipos de dores no parto.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mito da bacia estreita e parto normal

Mito: "Meu médico disse que tenho bacia estreita. Não posso ter parto normal"


Não podemos afirmar antes do parto que uma mulher é incapaz de parir. Na sociedade moderna, dissemina-se que "se estiver tudo bem a gestante poderá ter um parto normal" e não "se haver um problema você terá uma cesária". A cesária é colocada em primeiro plano, por isso no Brasil temos certa de 54% dos partos cesarianos.
Não é possível só de olhar para a mulher e dizer qual tipo de parto é indicado para ela. Vamos entender sobre os diferentes tipos de pelves. Há quatro tipos de bacia (pelve):


1. Ginecóide: Tipo mais comum em mulheres. Ideal para o parto normal.

2. Andróide: Característica do sexo masculino. Apresenta um formato mais triangular.

3. Antropóide: Diametro antero-posterior maior.

4. Platipelóide: Formato mais arredondado. Lembra um prato. Mais raro em ambos os sexos.



Os tipos de pelve dependem de questões de gênero, genética, etnia, entre outros. Independente do tipo, nenhum médico a olho nu poderá te afirmar que você não é capaz de parir naturalmente. Somente no TP (trabalho de parto) que poderão ser observadas todas as questões que envolvem o parto, como dilatação, contração, batimentos do bebê.
O mito da bacia estreita é apenas um dos mitos que precisamos combater, questionar, e para tanto precisamos de informação.


O que é uma doula?

Doula é uma palavra de origem grega que significa serva. Atualmente, a doula passou a ser reconhecida como a mulher treinada que proporciona suporte físico, emocional e informacional à gestante e sua família durante o trabalho a gestação, o parto e pós-parto.
Segundo Fadynha, no livro "A Doula no Parto"(2011), desde o início da Humanidade, as mulheres parem seus filhos acompanhadas de outras mulheres. Além da parteira que era auxiliava no nascimento havia sempre amigas, vizinhas, avós presentes nesse momento que atendiam as necessidades da parturiente. A partir do século XIX, começa a entrar a figura masculina dos primeiros obstetras. Nesse momento, há uma transformação do parto como um evento familiar, entre mulheres, para um local frio, com pessoas desconhecidas, com procedimentos hospitalares desnecessários. Há uma resignação das mulheres com o sistema médico rígido de rotina e padrões médico/hospitalares. Dessa maneira, o parto passa a ser visto como um evento cirúrgico e não fisiológico.
Em todos esses tipos de partos a doula possui um papel importantíssimo. “O parto é uma experiência bastante forte física e energicamente. [...] O apoio energético como já foi dito, vem do fato de a doula segurar nas mãos da gestante. Este simples ato promove uma troca profunda de energia” (Fadynha, 2011, p. 21). A doula é principal responsável pelas técnicas de alívio da dor, de respiração e facilitação do nascimento. A doula ajuda no empoderamento da mulher, entendo que a mulher sabe o que é melhor para ela. Independente se o parto da parturiente for normal ou cesárea o papel da doula é prestar assistência qualificada a essa mulher.



Vantagens


As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode:
diminuir em 50% as taxas de cesárea
diminuir em 20% a duração do trabalho de parto
diminuir em 60% os pedidos de anestesia
diminuir em 40% o uso da oxitocina
diminuir em 40% o uso de forceps.


Embora esses números refiram-se a pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.

www.doulas.com.br

Quem sou?

Sou Lorena Ladico Trindade, graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente faço especialização em Análise Transacional. A Análise Transacional é um método psicológico que acredita na capacidade criativa do ser humano em desenvolver e modificar pensamentos, comportamentos, por meio do autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
Acredito que não somos nós que escolhemos nosso objeto de estudo/trabalho, mas sim toda nossa história de vida nos leva a trilhar alguns caminhos e não outros. Ser psicóloga é uma paixão. Digo SER, porque ser é diferente de atuar, muitos profissionais atuam na sua profissão, mas pouco SÃO. Além de psicóloga sou Doula, acompanho gestantes e pais no período da gestação, parto e pós-parto. Dando apoio físico, emocional e psicológico.
Busco sempre me aprimorar e estudar para oferecer um tratamento de qualidade. Percebo o cliente como um ser humano cheio de força e muito capaz de superar os problemas que está passando. Minha proposta é ajudá-los a perceber que eles próprios possuem esses recursos e tantos outros.